Novembro azul: ressonância para detectar o câncer de próstata

A saúde masculina muitas vezes é um tabu social e quando falamos do câncer de próstata este tabu é ainda maior. Isso tem a ver com a localização da glândula, o procedimento realizado no exame e as cobranças da sociedade relacionadas à masculinidade. 

As campanhas do novembro azul procuram desmistificar essas questões e promover a conscientização masculina sobre a doença.

A ressonância magnética e as inovações tecnológicas aplicadas na área médica, desde o diagnóstico até o tratamento, são de extrema importância. 

Inúmeras alternativas estão sendo desenvolvidas na busca de diminuir a insuficiência de identificação precoce do câncer de próstata. 

Separamos algumas informações relevantes para você ficar por dentro de todos os aspectos relacionados à doença e conseguir realizar uma prevenção eficaz. Olha só:

A história do novembro azul

As campanhas focadas para a prevenção da doença começaram em 2003 na Austrália. Com um início despretensioso, dois amigos (Travis Garone e Luke Slattery) tiveram a ideia de trazer o bigode de volta à moda. 

Na época, a mãe de um conhecido deles estava levantando fundos para combater o câncer de mama e decidiram fazer o mesmo para o câncer de próstata. A proposta era deixar o bigode crescer e cobrar 10 dólares de cada amigo que se propusesse a entrar na brincadeira.

Além disso, o boca a boca foi muito orgânico já que as pessoas perguntavam do bigode e eles tinham a oportunidade de trazer a prevenção do câncer de próstata. 

No próximo ano já foi possível criar a Fundação Movember, pioneira na divulgação específica da doença, que com a ajuda das redes sociais conseguiram compartilhar ainda mais a ideia. 

Hoje a iniciativa está presente em inúmeros países em todo o mundo como Alemanha, Noruega, África do Sul, França, Hong Kong, Estados Unidos e Nova Zelândia, por exemplo. 

A Fundação Movember já conseguiu arrecadar mais de 6 milhões de dólares, que foram direcionados às campanhas de saúde masculina, prevenção de suicídio, câncer de próstata e de testículo. 

No Brasil, em 2008, o Instituto Lado a Lado pela Vida foi o pioneiro a abordar estas questões. A primeira campanha realizada teve o título de “Um Toque, Um Drible” e promoveu mudanças no tabu da ida de homens ao médico. 

Só em 2012, levando as iniciativas do Movember em consideração, o Instituto começou a realizar promoções anuais em todo o mês de novembro. Foi aí que surgiu o Novembro Azul que conhecemos. 

Entenda o câncer de próstata

A próstata é uma glândula do sistema genital masculino que fica localizada na frente do reto e na parte inferior da bexiga urinária. Seu tamanho está diretamente relacionado à idade do homem, sendo do tamanho de uma noz para os mais jovens e aumentando no decorrer da vida. 

É esta glândula que produz um líquido alcalino que constitui de 10 a 30% do sêmen. A sua função é proteger e nutrir os espermatozoides, além de neutralizar a acidez da vagina e prolongar o tempo de vida dos espermatozóides. 

O câncer de próstata é um tipo de tumor que é mais comum entre homens acima de 50 anos e representa, em 2020, quase 30% de todos os diagnósticos de câncer masculino no Brasil. 

Com mais de 65 mil novos casos neste ano, o câncer de próstata é uma doença silenciosa e quando mais cedo é diagnosticada mais chances de ser tratada com eficácia. Os fatores de risco podem ser vários, como idade avançada, histórico familiar, mudanças hormonais e hábitos alimentares.

O diagnóstico da doença pode ser feito por meio de exames físicos (toque retal) e laboratorial (dosagem do PSA). O tratamento vai depender diretamente do tamanho e da classificação do tumor e os sintomas variam com o avanço da doença. 

Na sua fase inicial, a grande maioria dos pacientes não apresenta nenhum sintoma relevante e é necessário um conjunto de exames para identificá-la neste estágio. Já em fase avançada, é possível ocorrerem sintomas decorrentes da expansão da doença . 

O papel da ressonância magnética no diagnóstico 

A ressonância é considerada o exame mais eficaz para detectar este tipo de tumor. O diagnóstico é o maior desafio quando pensamos no câncer de próstata já que muitos exames possuem uma taxa alta de imprecisão nos resultados. 

O papel da ressonância magnética está se comprovando cada vez mais importante para a realização de diagnósticos.

Para realizar essa comprovação, um estudo foi feito com 500 homens que possuíam suspeita de câncer de próstata onde metade foi submetida à biópsia convencional e a outra metade a exames de ressonância magnética. 

O resultado foi impressionante. A eficácia e precisão da RM é maior do que a própria biópsia! Além disso, a ressonância foi capaz de identificar tumores agressivos em 38% dos casos, em comparação com apenas 26% do exame convencional. 

Esses números são muito bons também até para a eliminação de tratamentos desnecessários. No Brasil, o problema deste procedimento é o alto valor do exame e a oferta ser limitada no sistema de saúde público. 

Quanto mais estudos são feitos, maior é a justificativa para o investimento neste tipo de infraestrutura. Este tipo de exame causaria, inclusive, em uma maior adesão entre os homens já que evitaria o toque retal e a necessidade de várias idas ao médico para a checagem de resultados. 

A tecnologia está a favor da medicina e precisa ser utilizada para inovar tratamentos, exames e diagnósticos.