Saiba como evitar o Burnout em médicos
Burnout em médicos se agravou após pandemia da Covid-19. Entenda o papel da instituição e de gestores na promoção da saúde desses profissionais
O burnout em médicos piorou entre médicos com a pandemia da Covid-19, especialmente entre aqueles que já sofriam de algum transtorno mental previamente, apontou estudo realizado pela Medscape.
A pesquisa revelou que 11% dos médicos pensam em deixar a carreira definitivamente devido ao burnout e 79% tiveram comprometimento das relações sociais em decorrência do transtorno. Saiba mais a seguir.
O que é a síndrome de Burnout?
A síndrome de Burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional a partir de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O termo surgiu em 1974 sendo descrito pelo psicanalista alemão Herbert J. Freudenberg em referência a “to burn out” (queimar-se de dentro para fora), após identificar um processo gradual de desgaste no humor, desmotivação e exaustão em voluntários que acompanhava.
Atualmente, a descrição mais utilizada é a da psicóloga Christina Maslach que explica a síndrome a partir de: esgotamento emocional, sentimento de insatisfação profissional e despersonalização.
Dessa forma, o burnout pode ser entendido como um transtorno relacionado ao estresse ocupacional e que engloba exaustão mental, física e emocional em consonância com a sensação de esgotamento profissional.
Uma forma de avaliar se o burnout se faz presente é considerar três indícios:
- ceticismo, que leva à despersonalização, ou seja, mudar o comportamento ou postura em decorrência das dificuldades e pensamentos negativos recorrentes;
- exaustão, com um sentimento frequente de cansaço tanto físico quanto mental;
- sensação de ineficiência, ou seja, não ser reconhecido ou sentir-se improdutivo ou incompetente.
A síndrome de burnout também pode resultar em uma série de sintomas como dores de cabeça e musculares, alterações de humor, problemas de concentração e memória, distúrbios de sono ou de alimentação, fadiga, sentimento de inadequação, desesperança ou apatia.
Como visto, o burnout em médicos também pode ser mais intenso em indivíduos com quadros de depressão, ansiedade ou outros transtornos mentais, intensificando os sintomas da condição pré-existente.
Dada a gravidade do burnout, especialmente na comunidade médica, uma vez que pode resultar em dificuldade no exercício da profissão, é fundamental que profissionais e gestores da área reconheçam a importância de ações ativas para prevenir e auxiliar no tratamento do burnout.
Como prevenir burnout em médicos?
O burnout em médicos pode comprometer o atendimento dos pacientes, o clima organizacional e, principalmente, a qualidade de vida e promoção do bem-estar do profissional.
Dessa forma, são diferentes motivações para que se estruturem práticas ativas de prevenção da síndrome de burnout em instituições de saúde, especialmente após o desgaste que esses profissionais passaram em decorrência da pandemia da Covid-19.
Incentivo a práticas de bem-estar
O ambiente profissional não deve ser visto como incompatível com práticas de bem-estar, pois pode ter uma atuação ativa ao realizar ações internamente como ao incentivar seus colaboradores.
Um exemplo nesse sentido inclui a adoção de exercícios físicos ocupacionais, durante o expediente, para estimular a prática de atividades, importante recurso na prevenção do burnout e outros transtornos mentais, bem como doenças ocupacionais.
Outra opção são benefícios ou parcerias com empresas que promovem o bem-estar, como academias, facilitando que os colaboradores iniciem esse tipo de prática.
Esses modelos demonstram ao profissional o empenho da instituição em promover o bem-estar e saúde tanto física quanto mental.
Estimule pausas no dia a dia do trabalho
Ao invés de criar um ambiente profissional que puna as pausas, é importante que os gestores e demais líderes incentivem a realização de pausas para descanso e interação na rotina.
Um exemplo é criar um espaço agradável para que os profissionais possam tomar café e fazer lanches.
Estruture bem os processos
A rotina em instituições de saúde já é estressante por si só, entretanto, alguns locais são particularmente desgastantes aos profissionais da área em decorrência da falta ou ineficiência dos processos.
Considerando isso, é relevante que gestores invistam na estruturação dos processos hospitalares para que eles sejam mais eficientes, claros, transparentes e humanos, não apenas para os pacientes como também para os profissionais.
Esse tipo de cuidado reduz a carga mental e dilemas na rotina do profissional que comprometem ainda mais seu estado emocional e mental.
Busque ações de reconhecimento profissional
Na pesquisa realizada pela Medscape, 53% dos profissionais afirmaram trabalhar mais de 40 horas por semana e 54% queriam ser mais reconhecidos.
O reconhecimento profissional do médico é viável no âmbito da instituição de saúde por meio, por exemplo, de uma remuneração compatível com as demandas e responsabilidades, com planos de carreira adequados e com respeito à humanidade do indivíduo.
Incentive a busca por auxílio médico especializado
Nada mais contraditório do que a não atenção à saúde dos profissionais de saúde, o que é demonstrado pela não busca por atendimento especializado em casos de burnout em médicos.
É fundamental que a instituição de saúde, gestores e os próprios profissionais reconheçam a importância da assistência especializada nesses casos, uma vez que o diagnóstico e tratamento da síndrome de burnout devem ser atendidos por psiquiatras e psicólogos.
Tecnologia como uma aliada para prevenir esgotamento em médicos
Atualmente, a digitalização na área da saúde é uma realidade e, a transformação tecnológica deve ser vista como uma possibilidade de gerar benefícios aos pacientes e aos próprios profissionais.
Deve-se estruturar a modernização da instituição de saúde considerando quais soluções podem facilitar as atividades dos médicos no dia a dia.
Um exemplo é o software de reconhecimento de voz para laudo que visa facilitar e agilizar a etapa de emissão de laudos radiológicos ao permitir que o conteúdo seja ditado em vez de digitado, atividade quase três vezes mais lenta.
Com isso, é possível abrir espaço na rotina profissional tanto para atividades de autocuidado, como pausas e alongamentos, como para promoção do bem-estar e maior qualidade de vida.
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